domingo, 24 de abril de 2011

ESSA MULHER...

Queria já ter dito algo sobre esta mulher que denunciou e enfrentou os policiais assassinos no cemitério. Mas não encontrava o texto certo que queria anexar (sempre a literatura!).

Queria dizer-lhe que esse tipo de coisa, ultimamente, só tenho visto em mulheres.
De como nos faltam homens com esta coragem.
E que prestei atenção em como ela se expressou:
claramente e com firmeza.
E de como sinto falta disso nos jornalistas.
E que, por causa dela, todos nós nos tornamos um pouco melhores.
E que minha família, desde esse dia, ficou maior.
(Paulo de Quadros)

A Arte e o Tempo

Quem são meus contemporâneos? - pergunta-se Juan Gelman
Juan diz que às vezes encontra homens que têm cheiro de medo, em Buenos Aires, em Paris, ou em qualquer lugar, e sente que estes homens não são os seus contemporâneos.
Mas existe um chinês que há milhares de anos escreveu um poema, sobre um pastor de cabras que está longe, muito longe da mulher amada e mesmo assim pode escutar, no meio da noite, no meio da neve, o rumor do pente em seus cabelos.
E lendo esse poema remoto, Juan comprova que sim, que eles sim:
que esse poete, que esse pastor e essa mulher são seus contemporâneos.

Eduardo Galeano, in O Livro dos Abraços.

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